segunda-feira, 12 de março de 2012

Mitos e Lendas Universais


As questões humanas mais profundas deram origem aos mitos em todas as culturas como eixo norteador da visão do mundo, e reflexões sobre nossa verdadeira identidade e qual o propósito de viver. São instrumentos que mostram como entender quem somos, qual o nosso lugar no planeta, no tempo e no espaço. Também são indicadores de valores universais que organizam a ética profunda, pois revelam os valores universais inerentes  à condição humana. Seus símbolos sagrados falam a linguagem da alma e orientam o modo como sentimos, compreendemos e nos relacionamos com nós mesmos, com os semelhantes, com a vida e com o sagrado. 
Os mitos nos auxiliam a determinar a essência das coisas, perceber sua importância e o que fazer diante delas. Através desses mitos, deuses e heróis de cada mitologia, compreendemos que os povos, suas culturas e a própria natureza são manifestações vivas do Sagrado. Nós, seres humanos, temos duas necessidades básicas: sobrevivência e transcendência. Os mitos revelam que a transcendência é a sustentação da sobrevivência. Uma vivência mitológica contempla  as dimensões intelectuais e espirituais e permite descobertas e revelações transformadoras. 
A mitologia é uma proposta de integração do conhecimento pois permite o diálogo entre os diversos saberes. Interagir com os deuses e arquétipos através de seus símbolos e narrativas desvenda arquivos do inconsciente coletivo e permite o acesso à magia e à sabedoria de todos os povos. 
O objetivo desse blog é oferecer um guia para os interessados no universo complexo e fascinante da mitologia. Os mitos, lendas, heróis, deuses e deusas se expressam através dos símbolos e metáforas que apontam para nossa realidade interior. Eles se comunicam diretamente com o nosso inconsciente e por isso acessam portais de percepções mais sutis. A mitologia mostra as múltiplas faces da unidade na diversidade das culturas de todos os povos e ultrapassa o tempo e o espaço. Além disso, desperta  um olhar diferente, mais abrangente porque nos convida a um raciocínio de encantamento holístico e transdisciplinar.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Mahashivaratri - A Grande Noite de Shiva


Estamos inaugurando este blog numa data muito auspiciosa para os milhares de hinduístas indianos e outros tantos espalhados pelo mundo. Hoje comemora-se o Mahashivarathri – A Grande Noite de Shiva.  Este Festival acontece anualmente para celebrar a energia transformadora de Deus que nessa data se derrama mais intensamente sobre nosso planeta. Os fiéis jejuam e cantam “bhajans”, cantos devocionais, e mantras louvando Shiva, a terceira pessoa da Trimurthi - a Sagrada Trindade: Brahma-Vishnu-Shiva. 
Brahma-Vishnu-Shiva
A Trimurthi é constituída pela energia criadora, a energia mantenedora e a energia transformadora de Brahman, Aquele que se expande, o Inefável e Invisível, o Uno que se revela nos múltiplos. Essas três energias divinas correspondem às seguintes cores: vermelho (Brahma), azul escuro (Vishnu) e branco (Shiva). Neste dia, os fiéis devem banhar-se e vestir branco. Principalmente devem estar perfeitamente conscientes das energias universais em seu próprio corpo, energias estas que se manifestam pelos dez órgãos que são: a pele, os olhos, a boca, o nariz, as orelhas; os pés, as mãos, e os órgãos reprodutores e excretores. A parte inferior do corpo é assimilada por Brahma (tendência  à orbitação) a parte mediana, o tronco, por Vishnu ( tendência centrípeta), e os ombros e  o rosto a Shiva (tendência centrífuga). 
Os adoradores de Shiva crêem que as energias universais penetram neles e no mundo e é assim que eles percebem os sinais, o pensamento, a essência fundamental, e a ação do Divino. Os rituais shivaístas são ligados ao culto do “lingam”, a forma do sem forma, a imagem do Princípio Criador. O Lingam tem a forma de um falo e/ou de um ovo, e simboliza a divina sementeira que espalha sementes de vida e cria e recria mundos e multiversos. Num lingam de pedra, a base que o suporta é quadrada, e simboliza Brahma, os quatro pontos cardeais, o número da manifestação da vida diversificada na Terra. 
A parte mediana octogonal, cercada pela “arghia”, ou “Ione”, é o receptáculo feminino onde ele repousa, e simboliza a Deusa, a Shakti, a potência que gera e movimenta a vontade do deus e  por fim o lingam que é o símbolo de Shiva. 
Segundo o hinduísmo, os seres humanos trazem lingans energéticos em três pontos do corpo. O primeiro, localiza-se no início da coluna vertebral, e à medida em que o indivíduo desperta espiritualmente, ele se movimenta e se instala no coração, e faz da pessoa um servidor do divino, e quando essa pessoa atinge a autorrealização, o lingam se instala entre as sobrancelhas, no ponto conhecido como terceiro olho, ou o olho de Shiva. Como vemos, para os fiéis o corpo é uma expressão material sagrada, e contém o movimento e os vários aspectos, poderes e virtudes do divino. Durante o Mahashivarathri a mente, assim como o corpo, devem ser purificados de pensamentos negativos, maus hábitos e estreiteza de horizontes. É uma ocasião propícia para a passagem de um estado de ser para outro estado de ser - se possível, uma “morte ativa”, um renascimento. Uma iniciação que facilitará a quem entrar em sintonia amorosa com a energia transformadora de Shiva um salto de qualidade. É um exercício de entrega do corpo e da mente ao deus interno que vibra e pulsa no coração de cada ser vivo.
OM NAMAH SHIVAYA!

MAHA MRUTHYUNJAYA MANTRA (Mantra de Shiva)

OM THRAYAMBAKAM YAJAMAHE

SUGANDIM PUSHTI VARDHANAM

URUVA RUKAMIVA BHANDAHANATH

MRUTHYOR MUKSHEEYA MAMRUTHAATH

Para ouvir, acesse: